sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Fidelidade

"Que significa fidelidade, que é que podemos esperar da pessoa que amamos? Estou velho, reflecti muito sobre isso. A fidelidade não será um egoísmo terrível, egoísmo e vaidade, como a maior parte das pessoas e pretensões humanas na vida? Quando exigimos fidelidade, queremos que a outra pessoa seja feliz? E se a outra pessoa não é feliz na subtil prisão da fidelidade, amamos essa pessoa de quem exigimos fidelidade? E se não amamos o outro de modo a fazê-lo feliz, temos o direcito de exigir algo, fidelidade ou sacrifício?"

In As velas ardem até ao fim, Sándor Márai

1 comentário:

Anónimo disse...

Não é a infidelidade que magoa, mas a desonestidade. A exigência da Fidelidade corresponde à traditio brevi manu, a transformar o outro, de sujeito em objecto. No objecto através do qual sublimamos as nossas inseguranças sobre a perspectiva de exclusividade. Como se o amor fosse um bem económico, escasso por si mesmo. O Amor é raro, que é uma figura afim, mas distinta, da escassez. Na verdade, o Amor é o contrário da escassez e tende a multiplicar-se.